Texto
I
Você
vai vibrar e se emocionar com a disputa de 42 esportes Olímpicos. Em
19 dias de competição, 306 provas valerão medalhas: 136 femininas,
161 masculinas e nove mistas.
Jogos
Olímpicos
Uma
disputa milenar. Desde sua primeira edição na Era Moderna, em 1896,
em Atenas, até Londres, em 2012, os Jogos Olímpicos cresceram ao
ponto de se transformarem no maior evento do planeta e único capaz
de reunir delegações de mais de 200 países em uma mesma
cidade. Para se ter uma ideia da força dos Jogos na atualidade,
nem mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) consegue agregar
tantas nações.
A
tradição olímpica remonta há 2.500 anos e tem origem na Grécia
Antiga. Naquele tempo, foram disputadas quase 300 edições, que
deixaram de ocorrer tempos depois da invasão dos romanos à Grécia.
A
cultura ocidental deve muito aos antigos gregos. O legado deixado por
essa civilização ainda hoje ecoa, com influência em setores tão
distintos como a medicina, a geometria, a física, a arquitetura e o
teatro, entre outros.
Quando
o assunto é esporte olímpico, as marcas se tornam ainda mais
evidentes. Se o planeta, desde o fim do século 19, celebra a cada
quatro anos o maior evento esportivo da humanidade, isso só é
possível porque, lá atrás, há mais de 2.500 anos, os gregos
lançaram a semente das Olimpíadas.
Texto
II
A bicicleta como ferramenta de emancipação da mulher
“Andar de bicicleta fez mais pela
emancipação da mulher do que qualquer outra coisa no mundo”,
dizia a feminista americana Susan Anthony, no final do século XIX. E
não sem motivo: a magrela deu liberdade de deslocamento para as
mulheres, permitindo que fossem sozinhas de um lugar ao outro, e
ajudou a mudar o vestuário que limitava seus movimentos.
Naquela época, médicos como o francês
Phillipe Tissié afirmavam que pedalar faria mal às mulheres,
podendo causar até esterilidade feminina. Outros afirmavam que a
bicicleta seria indecente, porque traria prazer pela “fricção nas
partes íntimas”. Talvez fosse uma argumentação criada em torno
da recusa em aceitar que as mulheres conquistassem essa autonomia,
mas felizmente já havia quem defendesse seu uso, como o também
francês Ludovic O’Followell, que afirmava que pedalar fazia bem à
saúde feminina.
Feminismo
As americanas e francesas foram as
pioneiras no uso da bicicleta. Essa liberdade pessoal chegou em um
momento em que as mulheres iam à luta por seus direitos,
especialmente ao voto, à propriedade e a assinar contratos, e as
feministas apoiaram a novidade.
Elizabeth Staton, que trabalhou com Susan
Anthony pelos direitos das mulheres por mais de 50 anos (e, segundo
algumas fontes, tinha com ela uma relação
romântica), chegou a dizer que “a mulher
está pedalando em direção ao sufrágio”. Maria Pognon,
presidente da Liga Francesa de Direitos da Mulher, afirmava que a
bicicleta era “igualitária e niveladora”, ajudando a “libertar
o nosso sexo”.
A imagem da bicicleta ficou ligada à
figura da New Woman nos Estados Unidos, o conceito de mulher que
contestava os papéis tradicionais e se envolvia com o ativismo,
reivindicando principalmente o direito de voto.
Liberdade
Essa é a palavra que melhor define a
bicicleta. E já era assim no final do século XIX. Antes dependendo
da anuência e ajuda dos homens para levá-las onde desejavam ir,
americanas e europeias começaram a se locomover conforme sua vontade
e disposição, conquistando autonomia. Passaram a circular mais pelo
espaço público, a ir mais longe e a se reunir com outras mulheres
sem a presença de homens, fosse para discutir e trabalhar pelos seus
direitos ou apenas para se divertir.
Como consequência da vontade e da
necessidade de usar a bicicleta, as mulheres conseguiram se libertar
também das vestes que as sufocavam. Grandes saias, que pesava e
limitavam seus movimentos, e espartilhos apertados, que machucavam
seus corpos, foram substituídos por roupas mais leves e justas, como
os spencers (uma adaptação do casaco masculino usado à época) e
as calças bloomer. Lançadas em 1850 por Amélia Bloomer, aliada de
Susan e Elizabeth e editora do primeiro jornal voltado às mulheres,
as calças largas lembravam um pouco as saias, mas permitiam um uso
mais confortável da bicicleta e facilitavam até o caminhar.
A bicicleta trouxe às mulheres liberdade
de movimento e de deslocamento, direta e indiretamente, deixando um
legado que se estende aos dias de hoje. E já estava, há mais de um
século, situada em meio a lutas e conquistas de direitos e
liberdades, acompanhando quem lutava por uma sociedade mais justa e
igualitária.
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